Pior que a lepra



“Descendo ele do monte, seguiu-o uma grande multidão. Veio um leproso e o adorou dizendo: Senhor, se quiseres, podes me tornar limpo. Jesus estendeu a mão e o tocou dizendo: Quero, sê limpo! E imediatamente ele ficou limpo da lepra”. (Mateus 8:1-3)


Sentir-se rejeitado é uma das experiências mais dolorosas que se pode passar. Principalmente quando se é por algo que não depende de você. Jesus encontrou muita gente assim e sempre soube acolhe-las. É dele que vem a força para não rejeitar-se a si mesmo, começo de toda vitória sobre a rejeição. A auto rejeição nos cega para a aceitação que recebemos de Deus diariamente através de muitas pessoas. No entanto, se estamos sufocados pela nossa visão de nós mesmos, não percebemos que Deus nos ama como somos para nos transformar naquilo que podemos ser. Nos tempos bíblicos, a lepra era uma das doenças mais terríveis. Além da dor física, da aparência hedionda, do odor fétido e das feridas espalhadas pelo corpo, suas pústulas eram um sinal de morte em vida. Não havia como tentar curar uma pessoa que sofresse de hanseníase (nome que a doença ganhou depois que seu descobridor, Gerard Hansen, encontrou o microrganismo e descobriu seu potencial lesivo).
Além das dores físicas, a lepra segregava e isolava pessoas. Quem começasse a apresentar as primeiras necroses pelo corpo era encaminhado a locais insalubres, fétidos. Apesar da sociedade da época não se dividir em castas, podemos dizer que os leprosos ocupavam o andar mais baixo dos estratos sociais.
A lepra era uma condenação à morte cuja sentença estava carimbada nas mãos, nos pés, no corpo. As pessoas com lepra se revestiam dos trapos que podiam encontrar, falavam cobrindo a boca, com medo de transmitir a doença para outros. Em dias de ventos fortes, ninguém podia ficar a uma distância inferior a 60 metros de um leproso.
E eis que as Escrituras narram a passagem de uma pessoa que teve a coragem, a fé e a vontade de viver bem mais fortes que a lepra. Resolveu dar fim à vida que havia sido devastada pelas feridas. Um homem que já devia ter ouvido falar dos milagres e maravilhas realizadas por Jesus de Nazaré. Mas havia um risco: a lepra despertava o pânico e o temor nas pessoas. Se ele chegasse perto do Cristo, poderia ser apedrejado. Àquela altura da missão, inimaginável seria para algum seguidor ver Jesus com feridas tomando seu corpo.
Ressabiado, o leproso se aproxima, mas cria uma condicionante para Jesus. “Senhor, se quiseres...” Ele, sabedor de todos os preconceitos que já havia sofrido, ainda tinha uma resistência, um receio em se entregar ao Filho do Homem, a quem veio dar cumprimento à Lei e estabelecer o Amor.
Jesus subverteu a lógica e o senso comum. Aliás, Ele sempre fez isso: não titubeia em suas respostas, pois sempre mantém firme seu propósito. E Sua resposta amainou quaisquer dúvidas do pobre leproso.
Quando Jesus tocou no doente, não foi Ele que se tornou impuro, mas o leproso que se purificou. Foi um toque de amor, misericórdia, compaixão. Foi um gesto da mais pura humildade, de quem andava com os simples, os oprimidos, os renegados pela sociedade.
Jesus poderia ter simplesmente falado. Ele preferiu o toque.
Muitos querem vir a Deus. Mas há um temor. São pessoas miseravelmente presas por paixões, pecados e vícios. Querem ser libertos, mas não podem a si mesmos libertar.
Jesus se compadece e está movido de íntima compaixão por esses.
Por isso, acredite: há pecados bem piores que a lepra. E nada que impeça Jesus de fazer, desde que você o aceite em sua vida.

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