Je Suis un chrétien

ACIMA DE TUDO, EU SOU CRISTÃO
A vingança e o terror são armas do diabo. Elas nascem da intolerância e da incapacidade de amar o diferente ou usando as palavras bíblicas, da incapacidade de amar o próximo, por mais diferente que seja.
A recente onda de terror que presenciamos na chacina de cartunistas, funcionários e um policial islâmico chamado Ahmed que estava do lado de fora do jornal Charlie Hebdo para proteger o prédio, tem origem nesta incapacidade de aceitar o diferente, o discordante.
Os radicalismos estão proliferando no mundo inteiro. O que move e alimenta o ódio de extremistas islâmicos tem a mesma raiz que outros extremismos pelo mundo afora.
A maior parte da população islâmica que está crescendo em todos os países aqui na Europa é proveniente de antigas colônias que foram exploradas pela França, Inglaterra e outros países especialmente da África e do Médio Oriente .
São imigrantes e refugiados pacíficos que correm para os grandes centros de riqueza para tentar ter uma vida digna.
Ser cidadão de segunda categoria na Europa ainda é muito mais atrativo do que viver em suas antigas pátrias devastadas pela guerra e exauridas em suas riquezas após décadas de exploração do antigo “primeiro mundo”.
É preciso salientar que junto com o extremismo islâmico, cresce também a extrema direita na Alemanha, França, Inglaterra e nos países mais pacíficos do norte da Europa. A extrema esquerda também cresce no mundo inteiro e até no Brasil vemos estes mesmos extremismos tomando corpo e se espalhando pelas redes sociais, internet e manifestações de rua.
O resultado?
Cresce um sentimento xenofóbico (medo e ódio ao estrangeiro, ao imigrante) no mundo inteiro, tomando cores e modos diferentes nos diversos lugares do mundo. Nos Estados Unidos, os latinos e “chicanos” são o alvo. Na Europa, os fugitivos das antigas Repúblicas soviéticas ou os imigrantes islâmicos provenientes da África ou Médio Oriente . No Brasil, nordestinos e imigrantes do Haiti ou América Latina.
Pouca gente lembra que o cenário anterior às duas grandes guerras mundiais era muito parecido com este, com a diferença de que o alvo do ódio e preconceito era o povo judeu e o povo cigano, bem como os comunistas...
Neste cenário de extremismo aqueles que se sentem oprimidos contra-atacam. A violência vem da direita ou da esquerda, de radicais religiosos que pregam o ódio, discriminam ou invadem jornais, gráficas e supermercados armados até os dentes e atiram naqueles que representam o outro, o opressor ou os que eles consideram seus porta-vozes.
Desta vez foram os cartunistas do jornal satírico Francês Charlie Hebdo, os policiais e os reféns mortos por gente louca e disposta a entregar suas vidas para satisfazer pregadores alucinados e financiadores covardes que recrutam jovens desesperados impregnados de ódio em estado de ebulição.
É verdade que muitas das sátiras publicadas eram ofensivas mesmo. Algumas até, de muito mau gosto. Mas nada, nada justifica atos de terrorismo. O terrorista, mesmo quando tem razão, está errado!
O que mais me assusta nesta história é ver que o mesmo extremismo que promove todas estas coisas está presente no coração e nos lábios de cristãos, ateus, judeus e muçulmanos. Está na direita e esquerda política. Está nos lábios de gente comum nos mercados, de gente intelectual nas universidades e na boca de Irmãs, padres e pastores. Está tudo preparado para mais uma grande guerra mundial!
Nossa oração é que as pessoas de bem, sensíveis à voz de Deus e de espírito manso prevaleçam sobre aqueles que teimam pela guerra.
Podemos reagir a este mundo com várias atitudes diferentes. A reação fundamentalista vai desde o repúdio e recusa até atitudes, as mais violentas. Podemos reagir monasticamente e nos transformar em guetos evangélicos que fingem que este mundo não existe. Podemos ser hipócritas e ter vários discursos diferentes para cada ambiente que frequentamos. Podemos também ser liberais e concordar com tudo, por mais contraditórios que isto venha a nos tornar.
A atitude cristã sadia não passa nem pela intolerância e radicalismo, nem pela aceitação quer seja hipócrita ou liberal. A atitude cristã é pró-ativa e consiste em viver por padrões muito mais elevados, testemunhando com a vida (ou a morte) que andar com Cristo nos transforma em cidadãos de duas pátrias, comprometidos com ambas, para a salvação.
Vivemos aqui e agora por padrões éticos vindos do Alto enquanto anunciamos a boa notícia de que Jesus tem algo melhor. Ele mesmo disse que se a nossa justiça não ultrapassar aqueles que se consideram os mais justos, estamos longe do reino dos céus. Ao mesmo tempo não somos juízes do mundo, nem de nosso próximo, somos servos. Nosso principal valor é o amor e a nossa integridade que deve nos guiar, mesmo com prejuízo próprio.
Somos chamados a ser luz num mundo de trevas; amor, em um mundo de ódio; perdão em um mundo de vingança e mágoas... Assim como foi Jesus!

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