KRISIS

Crise é uma palavra polissêmica, isto é, agrega em si vários significados que são interligados e todos os seus aspectos espalhados nas diversas palavras que se originaram do grego krisis podem ser aplicadas ao processo utilizado por Deus para aprimorar sua igreja.
Krisis é basicamente julgamento, prova e daí crítica, critério. É também prova e daí crisol, acrisolar que significa provar, submeter a stress para purificar como se faz na purificação do ouro e da prata. Significa também um conflito do qual podemos sair melhores se passarmos na prova, daí o sentido de crivo, momento crítico, massa crítica.
A igreja visível está em crise em vários destes sentidos e aspecto.
Viver uma crise é passar por este momento crítico que pode nos aprovar ou reprovar, é passar pelo crivo, ser julgada e ao mesmo tempo ter separada as escórias do ouro puro ou da prata de lei.
A crise nos prova e purifica, mas pode nos derrubar.
De fato, a igreja está em crise.....
Questiona-se a sua relevância, sua honestidade e sua eficiência em representar Jesus na sociedade atual. Como instituição, já está desacreditada como outras tantas instituições que tiveram sua origem na história. Muitos a confundem com os prédios nos quais ela se reúne. Dizemos que uma igreja é bonita, neoclássica, gótica e não estamos falando da verdadeira igreja e sim da arquitetura de um determinado edifício.
Às vezes usamos expressões como: igreja receptiva, dinâmica, tradicional e neste caso, estamos falando das pessoas que se organizam numa sociedade chamada igreja.
Será que a igreja está morta?
Para entrar nesta discussão com algum proveito, não podemos deixar de questionar o que toda gente já está discutindo. Temos que entender alguns conceitos de eclesiologia (Estudo teológico da Igreja) que tiveram sua origem na bíblia e se desenvolveram na história da Igreja.
O termo grego ekklésia significava “assembleia cívica” na antiga Grécia e traduzia a palavra hebraica “Qahal” que era a reunião do povo que fez um pacto com Deus nas Assembleias convocadas para ouvir a palavra de Deus, festejar as festas do Senhor e comprometer-se nas alianças com o Senhor.
Jesus usa o termo em Mateus 16:18 onde ele diz que a igreja pertence a ele e será ele mesmo quem vai construí-la. Diz mais: ela não será destruída! – Veja como fica o versículo na linguagem de hoje: “Portanto, eu lhe digo: ..., e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e nem a morte poderá vencê-la.”. De que igreja ele está falando?
A igreja é o povo que fez aliança.
A etimologia da palavra igreja em grego é literalmente “chamados para fora”. Talvez a igreja seja vista como falida hoje em dia por não querer mais sair de “dentro”. São aqueles que ouviram o chamado de Deus para crer no evangelho e sair para lutar com Jesus na implantação de seu Reino. Ele nos ensinou a orar “venha o teu Reino” e nos disse “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6.33). Outros significados para a palavra vieram depois: casa de reunião, igreja local, denominação, etc...
Basicamente, não vamos à igreja, nem devemos falar dela na terceira pessoa, somos igreja. E esta é a verdadeira crise da igreja em todos os tempos: Ser ou não ser?
Ser igreja significa compromisso com aquele que é o Senhor da Igreja, Jesus Cristo. Significa que onde quer que formos, vamos na autoridade de Jesus Cristo, pois ele a recebeu do Pai ao cumprir sua missão na terra. Por isso o Evangelho de Mateus termina com o verso: “Toda autoridade me foi dada...”. Quem assume este compromisso, faz aliança com Jesus, torna-se discípulo e aprende a guardar tudo o que ele tem ensinado. Mais! Tem garantida a sua companhia até o fim da presente era ou a consumação do século.
Ser igreja é um compromisso e tanto! Nem todos os que estão nas igrejas hoje em dia são verdadeiramente a igreja de Cristo e certamente há muitos fora das instituições e dos templos que têm uma aliança com o Reino de Deus e o seu rei Jesus Cristo.
Somos igreja, realmente? A resposta cada um a dá ao próprio Senhor Jesus.